Projeto Amamentar - Pollyana
Compartilhe
Somos mamíferos, assim como outras espécies animais. Isso é uma característica humana. O corpo feminino é apto não apenas para gerar um novo ser, mas também para produzir o alimento que é necessário para nutrir e preparar aquele filho para a vida extra-uterina. Isso sempre me encantou.
Quando estava grávida, além das questões a respeito do parto, sabia que queria muito amamentar.
Esse era o primeiro passo. Após ouvir outras recém mães sobre as dificuldades da amamentação, busquei informações e apoio para conseguir realizar o meu desejo. Descobri que são vários os aspectos que dificultam a amamentação e que, por isso, os tempo de amamentação exclusiva no Brasil é tão baixo.
Não fui amamentada quando bebê, então chupeta e mamadeira era algo natural na minha mente. Afinal de contas, até as bonecas são vendidas com esses acessórios. Mas, depois de me nutrir de informações e boas pessoas ao meu redor, percebi o quanto esse imaginário de normalização dos bicos artificiais pode ser prejudicial à amamentação.
Os primeiros contatos com a amamentação foram repletos daquela felicidade e estranhamento inicial. Não há como descrever a sensação de amamentar nos primeiros dias. É um misto de amor, alegria, confusão, cansaço, incômodo...
O primeiro percalço no nosso caminho veio no momento da descida do leite. Os seios cheios, alguns problemas com a pega, alguns machucados. Nunca tinha imaginado que doeria tanto. Nesse momento, o apoio do meu marido foi fundamental. O carinho e dedicação que ele teve foram fundamentais para me deixar mais segura e também mais tranquila para amamentar.
Durante todo o período de amamentação, tivemos alguns obstáculos, entre eles, a candidíase mamária, perda de pega, noites infindáveis amamentando sem dormir, entupimento de duto mamário, o cansaço, o nascimento dos dentes, a volta ao trabalho e dificuldades com a alimentação, as doenças dela e uma pneumonia minha...
O que me levava a persistir, além de todos os benefícios que via no desenvolvimento e saúde de Melissa, era o tanto que gostava daqueles momentos que passávamos juntas. Apesar dos percalços, o lado bom superava. Também saber que, quando ela ficava doente, o leite materno era um dos únicos alimentos que ela aceitava e que ajudava tanto na recuperação. E a amamentação é isso, é algo que deve ser bom para a mãe e para o bebê.
Após 1 ano e 4 meses, conduzi o desmame noturno dela, para poder dividir com meu marido as demandas da madrugada. Foi um momento desafiador, mas, com muito afeto e carinho, tudo correu bem. Com um ano e meio, as mamadas já eram em momentos estabelecidos (acordar, soneca e antes de dormir). Assim, seguimos por nossa história de amamentação.
Com dois anos e meio, ela passou a mamar apenas antes de dormir e, eventualmente, quando ficava doente. E, em dezembro do ano passado, mamou pela última vez, quando tinha 2 anos e 10 meses. O carinho pelo peito, meses após o desmame, continua. Para ela, é uma associação de carinho, afeto, calma. Eu percebi que o desmame se aproximava e queria muito tirar algumas fotos desses últimos momentos e, por isso, marquei o ensaio com a Juliana. Foi maravilhoso ter o registro desses momentos e tenho certeza que, no futuro, Melissa ficará muito feliz em ver o registro dessa nossa relação.
Hoje, após essa experiência de amamentação prolongada, sou muito consciente dos privilégios que possibilitaram esse sucesso, como a licença maternidade de 6 meses, meu horário de trabalho, o apoio do meu marido e o acesso à informações de qualidade. Por isso, faço de tudo para apoiar as mulheres que conheço que estão nessa jornada, seja passando informação ou outras formas de auxílio, para que elas possam tomar as decisões de forma consciente.
Meu desejo é que a SMAM sirva para trazer visibilidade, conscientizar, trazer informações e derrubar mitos, sem culpabilizar as mães que não conseguiram ou decidiram não amamentar.
Texto: @pollylarissa
Modelos: Pollyana e Mel